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Por Luiz Henrique Mendes — São Paulo


A Next Gen Foods, startup de frango de planta fundada pelo ex-BRF Andre Menezes e pelo alemão Timo Recker, acaba de escrever um novo capítulo na indústria global de foodtech. Pouco mais de seis meses após comemorar o maior seed de uma startup de plant based, quando captou US$ 30 milhões, a dona da marca Tindle voltou a quebrar barreiras.

A foodtech sediada em Singapura levantou US$ 100 milhões, na maior rodada série A já feita por uma firma do gênero. A rodada contou com a participação da Alpha JWC, gestora de venture capital do Sudeste Asiático, da EDBI e da britânica MPL Ventures. Temasek, GGV Capital, K3 Ventures e Bits x Bites, que já investiam, acompanharam o aporte. O valuation não foi divulgado, mas a startup assegura que o montante supera "bem" a avaliação de US$ 180 milhões do seed.

A rodada marca também a estreia da Tindle nos Estados Unidos, ampliando sensivelmente a penetração da Next Gen Foods. "Somando a população de todos os países, podíamos servir menos de 50 milhões de habitantes. mas os EUA têm mais de 300 milhões. Já dá para ter uma noção de expansão", disse Menezes, CEO da startup, ao Pipeline.

Com uma estratégia inicialmente concentrada em restaurantes, uma forma de cativar o público que frequenta casas de chefs renomados sobre o potencial da culinária com frango plant based, a Tindle já estava em restaurantes de Singapura, Malásia, Macau, Hong Kong, Dubai e Amsterdã. A ideia é chegar ao varejo apenas em 2023.

Ao desembarcar nos EUA, a Next Gen Foods surpreende surpreende os céticos que duvidavam da velocidade de expansão da companhia. "Vim para cá no fim de setembro, depois do lançamento em Dubai. Nossa ambição maluca era lançar no primeiro trimestre, o que conseguimos, mas muita gente dizia que não era realista", lembra Menezes.

Tindle,o frango plant based da Next Gen Foods: produto é moldável para preparar diversos tipos de prato — Foto: Divulgação
Tindle,o frango plant based da Next Gen Foods: produto é moldável para preparar diversos tipos de prato — Foto: Divulgação

Morando em Chicago para preparar a chegada da startup, o brasileiro trabalhou nas diversas frentes necessárias para trazer o produto aos Estados Unidos, o que inclui o processo de importação — a fábrica terceirizada fica na Holanda —, definição da estrutura de armazenagem e distribuição e prospecção dos restaurantes que já terão pratos com o Tindle no cardápio. "Já temos dezenas de restaurantes conversamos, e mantemos conversa com centenas", diz o CEO da Next Gen Foods.

A partir desta terça-feira, o Tindle já estará em alguns restaurantes da Califórnia, Nova York, Miami, Filadélfia, um processo que incluía longas conversas com os chefs para o desenvolvimento das receitas. Ao contrário da indústria tradicional de plant based, o Tindle não vem em um formato definido — um hambúrguer, por exemplo —, mas como uma espécie de massa de modelar que permite diversos usos, desde o produto empanado e frito até como um peito de frango.

A ambição da Next Gen Foods é se tornar a referência em frango de planta para restaurantes e consumidores, assim como as startups americanos Impossible Foods e Beyond Meat foram para o hambúrguer, praticamente inventando uma categoria. Até hoje, nenhum frango de planta conseguiu a consistência necessária para se consolidar no mercado, uma lacuna que a Tindle quer preencher.

Em pouco tempo, os Estados Unidos já devem se tornar o maior mercado para a startup. "A receptividade dos testes do produto foi é incrível", diz Menezes. A expectativa é que os americanos já representem de 60% a 80% da receita da startup — de valor não divulgado — em 2022.

A Next Gen Foods conta com um trunfo para ganhar capilaridade no mercado americano. A startup fechou um contrato com Dot Foods, maior redistribuidora de alimentos do EUA, o que em tese permite levar a Tindle para qualquer restaurante do país. "Um contrato geralmente demora anos porque eles só pegam empresas que operam com uma receita já razoável, o que ainda não é nosso caso. Eles chegam a 3 mil, 4 mil distribuidores", comemora Menezes.

André Menezes, CEO da Tindle: Brasileiro trabalhou na BRF em Singapura antes de fundar a startup — Foto: Divulgação
André Menezes, CEO da Tindle: Brasileiro trabalhou na BRF em Singapura antes de fundar a startup — Foto: Divulgação

A estreia da Next Gen Foods nos Estados Unidos testará as dúvidas de parte do mercado com o crescimento do mercado de plant based. Depois de um salto retumbante no primeiro ano de pandemia, a categoria estagnou no ano passado e as vendas até chegaram a cair em alguns meses, o que colocou algumas companhias na berlinda. A Beyond, antes referência, se tornou alvo dos short sellers.

Menezes não ignora o cenário, mas pondera que tanto a euforia de 2020 quando a decepção de alguns com o crescimento lento do ano passado refletem avaliações apressadas. “Qualquer análise feita com lente tão curta é inerentemente errada", diz. O jogo é de longo prazo, medido em décadas. Nesse trajetória, a aposta é que produtos como o Tindle passarão ocupar um espaço mais significativo do mercado global de frango, um negócio da ordem de US$ 350 bilhões.

Por enquanto, as alternativas plant based como a Next Gen Foods ainda respondem por uma fatia ínfima do mercado — no caso do frango, menos de 1% — e são mais caras. Nos restaurantes, os pratos com Tindle são até 15% mais caros que as opções de frango tradicional do cardápio. "A discrepância de escala é muito bizarra. Uma fábrica muito grande de plant based produz em um ano o que uma fábrica médio de frango faz em um mês", compara Menezes.

Com os ganhos de escala que virão com o tempo, no entanto, os preços da indústria plant based também tendem a cair, ficando mais competitivos na disputa pelos consumidores. Num mundo que precisará de mais alimentos com o uso de menos recursos naturais, a expansão das carnes feitas de planta parece inevitável. "A pecuária não poderá ser a única ferramenta para alimentar 10 bilhões de pessoas em 2050 porque não há recurso natural disponível", resume o CEO da Next Gen Foods.

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