O prédio onde funcionava o Hotel Maksoud Plaza vai ser transferido na segunda-feira (31) aos novos donos, os empresários Jussara e Fernando Simões, irmãos e acionistas da Simpar, holding que controla as empresas JSL, Movida, Vamos, CS Brasil, Original Concessionárias e BBC.
Nesta semana, Jussara Simões, por meio da empresa Locon Empreendimentos Ltda, e Fernando Simões, por meio da FAS Participações Ltda, concluíram emissão de 80 notas promissórias no total de R$ 200 milhões. O objetivo é usar os recursos para concluir a aquisição do prédio onde funcionava o hotel.
Fernando e Jussara Simões ofereceram como garantia dos títulos 3% das ações que possuem na Simpar, além de garantias pessoais. De acordo com fontes a par da operação, todas as notas foram adquiridas por instituições financeiras.
A expectativa dos empresários é que a venda do prédio do Maksoud Plaza seja concluída rapidamente, agora que os recursos para concluir a compra estão disponíveis.
O Valor apurou que, em junho, os irmãos contrataram o escritório Souza Mello e Torres para preparar a oferta das notas promissórias. O Bradesco BBI atuou como coordenador da oferta. A Pentágono Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários atuou como agente fiduciário na emissão.
A FAS Participações emitiu 40 notas promissórias no total de R$ 104 milhões. As notas foram emitidas em quatro séries, com vencimentos entre julho de 2022 a janeiro de 2024. A remuneração corresponde à variação acumulada das taxas médias diárias dos Depósitos Interfinanceiros (DI) de um dia, mais taxa de 2,21% por ano.
A Locon Empreendimentos emitiu outras 40 notas promissórias, em quatro emissões, totalizando R$ 96 milhões. Os vencimentos e taxa de remuneração são iguais aos definidos nas notas da FAS Participações.
Em 2011, por causa de uma dívida trabalhista, o hotel Maksoud Plaza foi leiloado e arrematado por R$ 70 milhões pelos irmãos Simões. Esse valor foi atualizado para R$ 132 milhões.
A Hidroservice, holding do grupo Maksoud, questionou a validade do leilão na Justiça. Após idas e vindas na Justiça, a Hidroservice obteve autorização para retomar o controle do hotel. O grupo Maksoud tentou reerguer a operação do hotel. Entrou em recuperação em setembro de 2020 e, em dezembro de 2021, decidiu fechar o hotel, devido às dificuldades financeiras e às incertezas sobre o futuro da operação.
As dívidas do Maksoud somam R$ 300 milhões. Henry Maksoud Neto, presidente do Maksoud Plaza, disse no ano passado que o valor obtido com a venda do prédio — R$ 132 milhões— seria usado para pagar parte das dívidas. O restante seria pago com a venda de outros ativos do grupo, avaliados em R$ 191 milhões.
A entrega do prédio seria feita em 31 de dezembro, mas os irmãos Claudio e Roberto Maksoud, filhos do fundador do hotel, Henry Maksoud, entraram com recurso na justiça e conseguiram a suspensão temporária da entrega do hotel.
Os irmãos questionaram na Justiça o valor de venda do prédio, que segundo eles valeria R$ 300 milhões. Eles também questionaram o fato do administrador judicial do Maksoud Plaza — Oreste Nestor de Souza Laspro — já ter atuado antes como advogado dos compradores do prédio.
Em decisão proferida no dia 25 de janeiro, o desembargador Grava Brazil negou o recurso movido pelos irmãos Maksoud.
Henry Maksoud Neto não quis comentar o assunto. Os irmãos Simões também não quiseram dar entrevista, mas informaram em nota que o arremate do prédio já teve sua validade confirmada por decisão proferida pelo Tribunal Superior do Trabalho, não cabendo mais recursos.
“Uma vez superadas as questões envolvendo a posse do imóvel, os novos proprietários se sentirão muito honrados pela oportunidade de viabilizar uma nova atividade no local”, diz a nota.
Os empresários mantêm sigilo sobre a atividade a ser exercida no prédio.