Gestora de venture capital fará oferta de R$ 150 mi para investir em startups da Bossanova Investimentos

Bossanova KPTL Fundo de Investimento em Participações Capital Semente fará oferta pública pela instrução CVM 400. 200 startups estão em análise

Mariana Fonseca

(Pexels)

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A gestora de venture capital KPTL fará uma oferta pública de R$ 150 milhões com o objetivo de captar recursos com investidores qualificados e investir nas startups que já estão no portfólio do micro venture capital Bossanova Investimentos. A informação foi apurada pelo Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, com atuantes no mercado de capital de risco. Procuradas, Bossanova Investimentos e KPTL não comentaram as informações.

De acordo com um comunicado ao mercado divulgado pela B3, o Bossanova KPTL Fundo de Investimento em Participações Capital Semente será uma oferta pública na instrução CVM 400, com o banco Modal como coordenador líder. O fundo de investimento em participações (FIP) não fará oferta pública inicial de ações (IPO), não será listado na B3 e nem será negociado na Bolsa de Valores brasileira. A oferta pública é restrita a investidores qualificados, com mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras.

Duas peculiaridades chamam atenção do mercado na oferta da KPTL. A primeira é o fato de que os FIPs costumam seguir a instrução 476 da CVM e não a 400. A CVM 476 permite o investimento apenas apenas de profissionais, com mais de R$ 10 milhões em aplicações financeiras; negociação com apenas 75 interessados; e seleção de apenas 50. Em contrapartida, essas ofertas não passam por registro e análise da CVM. Já as ofertas na instrução 400 passam por análise do órgão regulador e os custos são mais altos. Por outro lado, a instrução permite acessar um número maior de potenciais investidores.

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A segunda peculiaridade é o momento em que a oferta acontece. O aumento na taxa de juros em diversos países, como nos Estados Unidos e no próprio Brasil, torna os ativos de venture capital menos atraentes. No mercado acionário, grandes companhias de tecnologia enfrentam correções nos preços de seus papéis e o número de IPOs cancelados no Brasil neste ano alegando um cenário macroeconômico não favorável já passou de uma dezena.

Na oferta, a KPTL está como gestora da oferta e a Bossanova Investimentos como consultora de investimentos. A KPTL é uma gestora com 64 startups no portfólio, totalizando R$ 1,2 bilhão de ativos sob gestão. A fintech de renegociação de dívidas Blu365, o marketplace de aluguel e venda de roupas de festa Dress&Go e a empresa de ventiladores pulmonares MagnaMed estão no portfólio da KPTL. Já a Bossa Nova Investimentos já realizou mais de 1.000 investimentos em 893 startups. O micro venture capital aposta em fazer investimentos de R$ 100 mil a R$ 500 mil com o objetivo de erradicar o “vale da morte” enfrentado pelos empreendedores entre receber capital de pessoas físicas e obter o primeiro cheque de uma instituição de investimentos.

Os atuantes no mercado de capital de risco indicaram ao Do Zero Ao Topo que o objetivo é que a Bossanova Investimentos apresente seu “aquário” de startups investidas para a KPTL. A KPTL ganharia um atalho de qualidade e tempo em sua “pesca” por fundadores e negócios de tecnologia, enquanto a Bossanova garante uma rodada subsequente para boa parte do seu portfólio.

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A KPTL deve investir entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões em cada startup. Também vai trazer mais governança aos negócios, como transformá-los em sociedades anônimas, criar conselhos e promover auditorias. A gestora olha para negócios com até R$ 16 milhões em receita operacional bruta e valor de mercado de até R$ 60 milhões antes do novo investimento. Segundo um dos investidores, nenhuma startup supera essa faixa no portfólio atual da Bossanova Investimentos. O objetivo dessas métricas é se manter na faixa de investimento semente, um passo depois da Bossanova Investimentos, e procurar valuations razoáveis.

A KPTL estaria avaliando 200 startups no momento e fazendo roadshows para apresentar a oferta a family offices e instituições financeiras e de investimento. O valor de captação irá de um mínimo de R$ 40 milhões a um máximo de R$ 180 milhões. A oferta pública terá prazo de dez anos – cinco anos para investimentos e cinco anos para desinvestimentos. A KPTL deve trabalhar com a taxa interna de retorno usual no mercado de venture capital, de ao menos 25% ao ano.

O comunicado na B3 indica duas classes de cotas, A e B. FIPs trabalham com chamadas de capital, convocando o dinheiro dos investidores quando um investimento acontece. A cota B será de R$ 1 milhão em capital comprometido com essas chamadas. Existe também uma cota A de R$ 25 mil à vista, aplicados em papéis do Tesouro. O objetivo da última cota é conseguir acessar o capital necessário com mais agilidade. A taxa de performance a ser cobrada pela KPTL será sobre a performance projetada pelo FIP, e não sobre o CDI.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.