Um mês após a sua primeira aquisição, a Celcoin, que fornece infraestrutura de tecnologia financeira e bancária, anuncia agora a compra da Flow Finance, uma techfin de Florianópolis (SC) que fornece infraestrutura para empresas de crédito. O valor da operação não foi divulgado.
A tecnologia da Flow Finance permite que empresas ofereçam crédito por meio de APIs (interfaces de aplicações). As soluções atendem tanto clientes que possuem licença de instituição financeira ou Sociedade de Crédito Direto (SCD) quanto aqueles que não têm, mas desejam oferecer crédito para seus consumidores finais.
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Entre as opções oferecidas pela startup, que participou do programa de aceleração da Darwin Startups, estão capital de giro, empréstimo consignado privado, empréstimo pessoal e financiamentos.
A Celcoin já possui APIs para habilitar transações de Pix, open banking, pagamento de contas, tributos, recargas de celular e gift cards, débito automático, saques em ATMs e transferências. Com a recente aquisição da Galax Pay, em janeiro, passou a oferecer também APIs de cobrança recorrente, e agora, entra na vertical de crédito.
“É um mercado novo que a gente entra”, disse o CEO da Celcoin, Marcelo França, ao Valor. “São empresas que querem dar crédito, modernizar as suas soluções ou atuar em novas modalidades. A gente entra fornecendo uma tecnologia aberta e toda a infraestrutura.” Ele pontua que a empresa já atendia cerca de 200 instituições e que, após a aquisição da Galax Pay, são mais 1,8 mil empresas para as quais os serviços poderão ser oferecidos.
Os co-fundadores da Flow Finance, André Fellin e Gustavo Macedo, pontuam, em nota, que o resultado da operação é a oferta de uma ferramenta “capaz de abraçar o ciclo completo do crédito, desde o onboarding até a cobrança”. AFirmam ainda que o traz “uma excelente vantagem competitiva, poupando anos de desenvolvimento de ambas as empresas”.
Novas aquisições são esperadas para este ano, diz França. “Estamos conversando com várias startups, sempre com esse objetivo de consolidação, de trazer novos produtos e times também”, afirma. A ideia é seguir com o processo de crescimento neste ano e, em 2023, retomar as discussões sobre uma possível oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
Empresas com serviços de banco - O CEO afirma que a Celcoin acredita em duas tendências: de desconcentração bancária e de aumento das empresas querendo oferecer serviços financeiros para os seus clientes. De acordo com ele, há espaço para que, no futuro, haja no país “uma espécie de Itaú ou Bradesco que seja totalmente aberto”.
“Antes, você entrava em um internet banking dos bancos grandes e via todas as funcionalidades. A gente quer chegar lá, mas em um formato totalmente aberto, realmente atuando como uma instituição de pagamento 100% focada em fornecer a infraestrutura para quem quer oferecer serviços financeiros.”
Em 2021, a Celcoin processou R$ 23 bilhões em volume financeiro e a ideia é levar esse valor para cerca de R$ 45 bilhões neste ano. Fundada em 2016, a fintech já recebeu R$ 84 milhões em investimentos.
Tem entre seus clientes bancos, fintechs, corretoras, varejistas, operadoras de celular e programas de fidelidade, que usam as APIs para realizar transações financeiras, compartilhar dados e acessar uma rede de mais de 37 mil pontos físicos. Mensalmente, são cerca de R$ 3 bilhões transacionados na plataforma por 9 milhões de clientes finais.